Parabéns aos gestores, professores, alunos e comunidade que fazem esta escola.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Olimpíadas de Língua Portuguesa



Olimpíadas de Língua Portuguesa faz parte do planejamento da Escola Paulo de Assis Ribeiro.
A escola participou da OLP escrevendo o futuro nos gêneros: poesia, memórias e artigo de opinião. Após três meses de trabalho, os textos passaram pela Comissão Julgadora Escolar que selecionou os textos:
Poema: 1º lugar – Aluna -
Dalila Marçal de Souza. 5º Ano “A”.  Professora Aparecida


Sonho de Cidade                                        

Cidadezinha tão pequetita
 Foi construída 31 anos atrás
 Era conhecida como Vila 21
 Terra roxa com muito ouro
 Porém pouco explorada.

Havia muitas árvores de bacuri
E também pé de açaí, incluindo Pau Brasil
Os que restam estão aqui
 Muitas casas de pau a pique
 Ali e lá, aqui e acolá.

Folhas venenosas entre os campos
 Flores cheirosas entre as matas
Ervas curandeiras entre as aldeias
Plantas, que mesmo entre espinhos,
Enfeitam os jardins.

Entre terras, areias e calcários.
Há muitos rios, lagos e igarapés
Onde, de uma pura nascente,
Morros com pedras
Se transformam em cachoeiras.
Com a evolução, a cidadezinha cresceu.
Em meio a muitas árvores, os prédios apareceram
Para reunião de grupos, praças surgiram
Dentro da necessidade, vários comércios se construíram.

Onde veio morar pessoas
Brancas e afro-brasileiras
Pessoas de todos os locais do Brasil
E até pessoas estrangeiras.

Tornaram dessa terra
Um bom local para se morar
Onde o trabalho edificam as famílias
O namoro constrói lares
E reinam as brincadeiras.

E assim segue a vida.
Na zona urbana ou rural
Buscando uma plena harmonia
Com a natureza, que é a nossa história real.


Memórias: 1º lugar – Aluna -
Amanda Gabriele Alves Cobiniano de Melo. Professora Sueli


O Recomeço
            Lembro-me como se fosse ontem, um pau de arara saía do Estado do Paraná com destino ao Estado de Rondônia. Nele vinham meus pais, eu e mais cinco irmãos cheios de esperança em busca da terra prometida. Foram muitos dias na estrada, dormindo embaixo de árvores. Quando sentíamos fome, comíamos pão com mortadela e bebíamos água do rio. A última parada foi no rio que hoje se chama Rio Colorado. A alegria tomou conta de todos nós, pois significava dizer, que o lugar onde íamos morar parecia estar bem próximo.
            Até que enfim, chegamos. O lugar era muito bonito, uma verdadeira floresta. Araras, papagaios e periquitos davam mais colorido à natureza, e eu, como uma criança levada saía dando cambalhotas, subindo nas árvores, enquanto meus pais e irmãos mais velhos levantavam um barraco coberto de palmas de açaí, que seria a nossa nova morada. Era o recomeço de uma nova vida para uma família tão marcada pelo sofrimento.
Apesar de todas as necessidades, tive uma infância feliz. Meus pais trabalhando de sol a sol em terras alheias, garantiam o sustento da família. Lembro-me que levantávamos todos os dias cedinho e fazíamos o percurso de casa para a roça. Ajudava no plantio de milho, feijão, arroz e café. No período da colheita desses produtos, meus pais levavam para o pequeno povoado e, trocavam por açúcar, trigo, sal, óleo entre outros. Lembro-me que alguns produtos eram levados em mulas, outros nas costas, como eram chamados na época de “cacaios”.
            Porém, o meu maior sonho era frequentar uma escola e ser alfabetizado. Mas, a escola era muito distante por ficar no Patrimônio km 21, sem contar que no período de chuva, era impossível sair de casa devido ao difícil acesso, pois naquele tempo não tinham boas estradas nessa região, e sim, “picadas” abertas no meio das matas.
            Todavia, o tempo foi passando, fui crescendo e junto comigo, foi crescendo também o Patrimônio. Começou a surgir pequenos comércios, tais como: loja de tecidos; mercearias e bares. Dentre as novas construções que surgiram, estavam a Igreja Católica e a primeira escola, onde comecei meus estudos. Como era difícil toda a família vir morar no pequeno vilarejo, apenas eu e minha irmã mais velha viemos para continuar os estudos e trabalhar no comércio.
Já rapaz, terminei o ginásio e, assim, surgiram novas perspectivas e oportunidades que não deixei escapar. Foi então, que comecei a estudar no Seminário de Ji-Paraná, onde passei três anos, mas percebi que não era realmente o que eu queria.
            No decorrer desse período o Patrimônio deixou de existir e surge a cidade de Colorado do Oeste. Que se desenvolveu rapidamente, vindo mais pessoas de outros estados, tornando assim, uma cidade eclética, de culturas variadas. Novas escolas foram surgindo, hospitais, clínicas particulares, a Escola Técnica Federal (hoje Instituto Federal) e a Faculdade de Educação de Colorado do Oeste (FAEC), na qual terminei o curso de Pedagogia. Trabalhei muitos anos em escolas públicas, atuando em várias disciplinas, as quais me proporcionaram muitas experiências inesquecíveis. E agora, atuo como diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados.
            Enfim, a cidade e eu fomos crescendo mutuamente em todos os aspectos, desde o ponto de vista econômico até o social. Logo, Colorado do Oeste nos deu a oportunidade de um novo recomeço.

Artigo de Opinião: 1º lugar – Aluna
Géssica Karen Mateus   - Professora Rosana



Terras que eram vermelhas
Alguns anos atrás se viam crianças correndo com a sola dos pés no cascalho solto das ruas. A terra vermelha encardia os pés de tanta poeira nos meses de julho e agosto. Na beira do rio, que cortava a cidade, as mulheres se aglomeravam com seus cestos cheios de roupas. Chamavam seus filhos para dar-lhes banhos nas águas brancas que corriam em direção ao norte. O colorido das flores dos Ipês enchia a cidade da beleza que Deus dá para apreciarmos.
Hoje, o cinzento cobriu o vermelho. A brancura das águas se perdeu em meio à escuridão. As crianças já não correm com tanta liberdade. As mães não deixam os seus filhos descalços. As flores do Ipê caíram junto com o seu tronco. A destruição de tudo chegou junto ao desenvolvimento.
Colorado do Oeste tornou-se um canteiro de obras. Para onde se olha, há uma casa sendo construída ou reformada, uma loja sendo inaugurada, ruas sendo asfaltadas. O crescimento e o progresso da cidade são benefícios e vantagens aguardados há anos pela população. Porém, todo esse desenvolvimento agravou a situação ambiental da cidade. Nossos igarapés se tornaram verdadeiros lixões. Nossa terra vermelha fértil se esgotou. O rio, que era a diversão e o sustento dos moradores, está totalmente poluído e cheirando mal. As árvores foram derrubadas para dar espaço a novas obras.
Todos esses danos foram causados pelo mau planejamento, a falta de infraestrutura, o descomprometimento da estrutura governamental do município, a população não informada e inconsciente de seus atos e de seus maus hábitos. Todo esse descuido reflete nas mudanças climáticas e ambientais da região.
Segundo o Sr. Silas de Castro Nascimento, Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Colorado do Oeste, “há projetos de saneamento básico e descarte de resíduos sólidos, porém há certa demora para a realização destes. Não são dias, semanas, nem meses, e sim, anos. A análise é rigorosa e leva tempo e nem  sempre é certeza que o projeto será aceito.” Diz ainda que “é complicado, pois além da espera para aprovação, também há a demora para o ajustamento da cidade às normas”.
Esta realidade é muito grave. A cada minuto que passa, o meio ambiente da cidade é lentamente destruído. A ideia de degradação ainda permanece na cabeça de muitos cidadãos, mas outros já querem preservar o meio ambiente, sem comprometer o desenvolvimento da cidade.
A meu ver, isso é complexo. Entretanto, o desenvolvimento sustentável, que é tão comentado, tem que ser colocado em prática para que não causemos tantos danos a quem é tão cheia de vida quanto nós. Que aprendamos novamente a nos comunicar com a natureza e que os poucos Ipês, que persistem em Colorado, misture seu amarelo das flores com o verde das copas das árvores, com o vermelho escuro da terra e o azul do céu e que nos lembre as cores da bandeira do nosso município, terra que nos orgulhamos tanto.

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