Olimpíadas de Língua Portuguesa faz parte do planejamento da
Escola Paulo de Assis Ribeiro.
A escola participou da OLP escrevendo o futuro nos gêneros:
poesia, memórias e artigo de opinião. Após três meses de trabalho, os textos
passaram pela Comissão Julgadora Escolar que selecionou os textos:
Poema: 1º lugar – Aluna -
Dalila Marçal de Souza. 5º Ano “A”. Professora Aparecida
Dalila Marçal de Souza. 5º Ano “A”. Professora Aparecida
Sonho de Cidade
Cidadezinha tão pequetita
Foi construída 31 anos atrás
Era conhecida como Vila 21
Terra roxa com muito ouro
Porém pouco explorada.
Havia muitas árvores de bacuri
E também pé de açaí, incluindo Pau Brasil
Os que restam estão aqui
Muitas casas de pau a pique
Ali e lá, aqui e acolá.
Folhas venenosas entre os campos
Flores cheirosas entre as matas
Ervas curandeiras entre as aldeias
Plantas, que mesmo entre espinhos,
Enfeitam os jardins.
Entre terras, areias e calcários.
Há muitos rios, lagos e igarapés
Onde, de uma pura nascente,
Morros com pedras
Se transformam em cachoeiras.
Com a evolução, a cidadezinha
cresceu.
Em meio a muitas árvores, os prédios
apareceram
Para reunião de grupos, praças
surgiram
Dentro da necessidade, vários
comércios se construíram.
Onde veio morar pessoas
Brancas e afro-brasileiras
Pessoas de todos os locais do Brasil
E até pessoas estrangeiras.
Tornaram dessa terra
Um bom local para se morar
Onde o trabalho edificam as famílias
O namoro constrói lares
E reinam as brincadeiras.
E assim segue a vida.
Na zona urbana ou rural
Buscando uma plena harmonia
Com a natureza, que é a nossa história
real.
Memórias: 1º lugar – Aluna -
Amanda Gabriele Alves Cobiniano de Melo. Professora Sueli
Amanda Gabriele Alves Cobiniano de Melo. Professora Sueli
O
Recomeço
Lembro-me como se fosse ontem, um pau de arara saía do
Estado do Paraná com destino ao Estado de Rondônia. Nele vinham meus pais, eu e
mais cinco irmãos cheios de esperança em busca da terra prometida. Foram muitos
dias na estrada, dormindo embaixo de árvores. Quando sentíamos fome, comíamos
pão com mortadela e bebíamos água do rio. A última parada foi no rio que hoje
se chama Rio Colorado. A alegria tomou conta de todos nós, pois significava
dizer, que o lugar onde íamos morar parecia estar bem próximo.
Até que enfim, chegamos. O lugar era muito bonito, uma
verdadeira floresta. Araras, papagaios e periquitos davam mais colorido à
natureza, e eu, como uma criança levada saía dando cambalhotas, subindo nas
árvores, enquanto meus pais e irmãos mais velhos levantavam um barraco coberto
de palmas de açaí, que seria a nossa nova morada. Era o recomeço de uma nova
vida para uma família tão marcada pelo sofrimento.
Apesar
de todas as necessidades, tive uma infância feliz. Meus pais trabalhando de sol
a sol em terras alheias, garantiam o sustento da família. Lembro-me que
levantávamos todos os dias cedinho e fazíamos o percurso de casa para a roça. Ajudava
no plantio de milho, feijão, arroz e café. No período da colheita desses
produtos, meus pais levavam para o pequeno povoado e, trocavam por açúcar,
trigo, sal, óleo entre outros. Lembro-me que alguns produtos eram levados em
mulas, outros nas costas, como eram chamados na época de “cacaios”.
Porém, o meu maior sonho era frequentar uma escola e ser
alfabetizado. Mas, a escola era muito distante por ficar no Patrimônio km 21,
sem contar que no período de chuva, era impossível sair de casa devido ao
difícil acesso, pois naquele tempo não tinham boas estradas nessa região, e
sim, “picadas” abertas no meio das matas.
Todavia, o tempo foi passando, fui crescendo e junto
comigo, foi crescendo também o Patrimônio. Começou a surgir pequenos comércios,
tais como: loja de tecidos; mercearias e bares. Dentre as novas construções que
surgiram, estavam a Igreja Católica e a primeira escola, onde comecei meus
estudos. Como era difícil toda a família vir morar no pequeno vilarejo, apenas
eu e minha irmã mais velha viemos para continuar os estudos e trabalhar no comércio.
Já
rapaz, terminei o ginásio e, assim, surgiram novas perspectivas e oportunidades
que não deixei escapar. Foi então, que comecei a estudar no Seminário de
Ji-Paraná, onde passei três anos, mas percebi que não era realmente o que eu
queria.
No decorrer desse período o Patrimônio deixou de existir
e surge a cidade de Colorado do Oeste. Que se desenvolveu rapidamente, vindo
mais pessoas de outros estados, tornando assim, uma cidade eclética, de culturas
variadas. Novas escolas foram surgindo, hospitais, clínicas particulares, a
Escola Técnica Federal (hoje Instituto Federal) e a Faculdade de Educação de
Colorado do Oeste (FAEC), na qual terminei o curso de Pedagogia. Trabalhei
muitos anos em escolas públicas, atuando em várias disciplinas, as quais me
proporcionaram muitas experiências inesquecíveis. E agora, atuo como diretor do
Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados.
Enfim, a cidade e eu fomos crescendo mutuamente em todos
os aspectos, desde o ponto de vista econômico até o social. Logo, Colorado do
Oeste nos deu a oportunidade de um novo recomeço.
Artigo de Opinião: 1º lugar – Aluna
Géssica Karen Mateus - Professora Rosana
Géssica Karen Mateus - Professora Rosana
Terras que eram vermelhas
Alguns
anos atrás se viam crianças correndo com a sola dos pés no cascalho solto das
ruas. A terra vermelha encardia os pés de tanta poeira nos meses de julho e
agosto. Na beira do rio, que cortava a cidade, as mulheres se aglomeravam com
seus cestos cheios de roupas. Chamavam seus filhos para dar-lhes banhos nas
águas brancas que corriam em direção ao norte. O colorido das flores dos Ipês
enchia a cidade da beleza que Deus dá para apreciarmos.
Hoje,
o cinzento cobriu o vermelho. A brancura das águas se perdeu em meio à
escuridão. As crianças já não correm com tanta liberdade. As mães não deixam os
seus filhos descalços. As flores do Ipê caíram junto com o seu tronco. A
destruição de tudo chegou junto ao desenvolvimento.
Colorado
do Oeste tornou-se um canteiro de obras. Para onde se olha, há uma casa sendo
construída ou reformada, uma loja sendo inaugurada, ruas sendo asfaltadas. O
crescimento e o progresso da cidade são benefícios e vantagens aguardados há
anos pela população. Porém, todo esse desenvolvimento agravou a situação ambiental
da cidade. Nossos igarapés se tornaram verdadeiros lixões. Nossa terra vermelha
fértil se esgotou. O rio, que era a diversão e o sustento dos moradores, está
totalmente poluído e cheirando mal. As árvores foram derrubadas para dar espaço
a novas obras.
Todos
esses danos foram causados pelo mau planejamento, a falta de infraestrutura, o
descomprometimento da estrutura governamental do município, a população não
informada e inconsciente de seus atos e de seus maus hábitos. Todo esse
descuido reflete nas mudanças climáticas e ambientais da região.
Segundo
o Sr. Silas de Castro Nascimento, Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de
Colorado do Oeste, “há projetos de saneamento básico e descarte de resíduos
sólidos, porém há certa demora para a realização destes. Não são dias, semanas,
nem meses, e sim, anos. A análise é rigorosa e leva tempo e nem sempre é certeza que o projeto será aceito.”
Diz ainda que “é complicado, pois além da espera para aprovação, também há a
demora para o ajustamento da cidade às normas”.
Esta
realidade é muito grave. A cada minuto que passa, o meio ambiente da cidade é
lentamente destruído. A ideia de degradação ainda permanece na cabeça de muitos
cidadãos, mas outros já querem preservar o meio ambiente, sem comprometer o
desenvolvimento da cidade.
A
meu ver, isso é complexo. Entretanto, o desenvolvimento sustentável, que é tão
comentado, tem que ser colocado em prática para que não causemos tantos danos a
quem é tão cheia de vida quanto nós. Que aprendamos novamente a nos comunicar
com a natureza e que os poucos Ipês, que persistem em Colorado, misture seu
amarelo das flores com o verde das copas das árvores, com o vermelho escuro da
terra e o azul do céu e que nos lembre as cores da bandeira do nosso município,
terra que nos orgulhamos tanto.
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