Círculo de Leitura: HQ como ferramenta pedagógica

Ler abre as portas para universos ainda inexplorados. Às vezes o que pode nos parecer o mais “insignificante livrinho”, nos surpreende com o que suscita em uma criança e as possibilidades de trabalho que nos apresenta. Por este e inúmeros outros motivos, a leitura faz parte de minha rotina em sala de aula. Diariamente, o ajudante do dia faz uma primeira leitura, geralmente de uma poesia. Na sequência leio para eles uma história. Os alunos ainda levam para ler em casa, livros que emprestam da Sala de Leitura e diariamente gibis da “Turma da Mônica”, que disponibilizo em sala ou na Sala de Leitura através da GIBIOTEKA. Geralmente, os alunos compartilham com os colegas o que descobriram de interessante nas obras lidas.

            Como parte da rotina de leitura, durante o primeiro bimestre do presente ano letivo, realizei um trabalho pautado nas histórias em quadrinhos. A opção por este tipo de texto deu-se pela forte identificação dos estudantes com as HQs, que as recebem de forma entusiasmada, propensos a uma participação mais ativa e motivados a ler. As histórias em quadrinhos aguçam a curiosidade e desafiam o senso crítico, por isso devem fazer parte do cotidiano de crianças e adolescentes, pois sua leitura é muito popular entre eles, portanto não pode ser desprezada no processo pedagógico.

A interligação de texto e imagem, presentes nos gibis, contribui para a compreensão de conceitos por parte do aluno, além disso, existe um alto nível de informação nos quadrinhos, pois estes, abordam os mais diferentes temas, sendo facilmente aplicáveis em qualquer área. Com seu uso, o estudante amplia seu leque de comunicação, incorporando a linguagem gráfica às linguagens oral e escrita, que normalmente utiliza. Outra vantagem dos quadrinhos é contribuir para criar na criança o hábito da leitura.

            O trabalho foi realizado de forma simples e prática. Consistiu em disponibilizar aos alunos gibis da “Turma da Mônica”, primeiro para que lessem em sala, de maneira individual e compartilhada, em que eles contavam a história lida para os colegas. Nestes momentos estabelecia-se um diálogo com a turma, sobre a opinião de cada um a respeito das histórias narradas, interpretação de imagens, significado das onomatopeias e dos desenhos dos balões como recursos de expressividade. Num segundo momento, os alunos foram incentivados à realização de atividades escritas, como continuação de histórias em quadrinhos e criação de histórias, possibilitando a articulação com diversos conteúdos que deverão ser assimilados nesta etapa de aprendizagem.

            O trabalho com os quadrinhos terá continuidade ao longo do ano, pois os alunos mostram-se cada vez mais interessados na leitura desse tipo de texto. Mas, na experiência vivida durante este curto espaço de tempo, já pude perceber que o trabalho com HQs possibilitou que os alunos tivessem “vez” e “voz”, já que puderam se expressar, ler, contando e inventando histórias.

            Nesse trabalho, os alunos do 2ºano do Ensino Fundamental I  puderam pensar, fazer, expressar-se e por isso, envolveram-se de fato com a proposta, o que nem sempre se consegue na rotina em sala, pois nossas crianças vivem uma realidade bem diferente da experimentada por nós na infância. São muitos atrativos tecnológicos e uma imensa carga de informações recebidas por eles cotidianamente. Dessa forma, fazer o aluno interessar-se pelos conteúdos da sala de aula é um desafio cada vez maior. Desafio esse, que nem sempre sabemos como atingir. Mas pelos menos já temos um caminho: dar vez e voz aos alunos pode ser a chave que abre as “janelas de oportunidades” ao aprendizado significativo.

*Adevanda Werlang leciona na Escola Paulo de Assis Ribeiro. Atualmente atua no 2º ano do Ensino Fundamental.